Sunday, February 26, 2006

Arte

Eu fiz uma arte
e declarei em alto e bom tom
Só me espantei quando me questionou
Arte, como assim arte?

Arte, assim como coisa escondida
bagunça proibida
que os outros ralham quando descobrem

Mas porque isso é uma arte?

Não, não poderia!
Não poderia ter entendido o outro sentido disto
Que o que me incomoda não é o traço mal feito
Mas o olhar de fingida aprovação

Então, tenho medo, que falem mal da minha arte?
Não, medo não, fico enjoada
Por que sei que o que você vê, não passa da ponta
De sua incerteza de ser nada

Não, aquelas linhas não foram feitas para o seu olhar
Embora não consiga escondê-las
Não poderia entender que o que importa não o papel em outras mãos
Mas o que fica

E o que fica é a beleza
de redescobrir que a sedução
Tem raízes em mim
e não no que vai embora

Hoje foi diferente
eu não desenhei pra ninguém, apenas pra mim

Friday, February 17, 2006

Hoje Perdi a Hora II

Não, definitivamente eu não gosto de esperar
Não gosto de esperar nem por você, nem por ninguém
Não gosto de esperar pelo o que a vida possa trazer
Não gosto de esperar pelo o que amanhã não posso fazer

Não, não gosto
Não suporto estar parada esperando o mundo acontecer
Que se faça alguma coisa, mesmo que seja uma grande tolice
Que se faça rir
Que se faça tremer
Que se faça explodir

Que se confunda
Que o acaso aconteça
Que o sentimento apodreça
Que a borboleta seja esmagada na porta
E que eu chore rios de lágrimas
Me sentindo a assassina de quem estava justamente
no lugar esperado para a morte.

Que o rato corra entre meus pés
e eu grite de pavor
eu tô acontecendo
E daí?

Por não gostar de esperar
Invento mil acontecimentos na hora da partida
acho que por isso sempre perco a hora
e o que era esperado escapole
no ponteiro do relógio

Tuesday, February 14, 2006

Hoje Perdi a Hora


Estranha tranquilidade lhe rodeia
Após o ato necessário feito
Após a tarefa questionável iniciada

Que mudança é esta que tanto anuncia?
Círculo completo,
é tão irracional quanto antes
Pensamento é pedra sobre seus ombros

Gritar, amaldiçoar, pedir colo ao inimigo
Se dilacera com tanta força
que se sente leve

O que era mesmo isso que guardava pra você?
Sem sentido, metamorfose intrigante
Joga fora, deixa bater
Nos olhos de quem não enxerga

O pouco que minha íris reflete a luz
Já me aquieta

O que é isso mesmo que você joga fora?
A casca do que você não é...

Thursday, February 09, 2006

Hoje não

Sinto muito
Hoje não dá...
Não tem fumaça suficiente no ar
pra suspirar um novo poema.

Wednesday, February 08, 2006

poema sem chave de ouro II


Sente ódio, sente
Que há muito tempo não te atormenta
uma verdade tão forte.
arranca as pernas da certeza
que um dia lhe disse era uma vez...
a perfeição

sente o desejo de ser sujeito
atuando a toada do mundo
Esmagado pelo peso de seguir
o que acha que é

Arranca um por um todos os fios
malditos que lhe escorrem pela face
escondendo a possibilidade de qualquer sorriso
mesmo que os dentes estejam à mostra

Liberta o fogo de suas vísceras
A raiva da maquinaria
que te enredou na perda
das palavras ensolaradas

Atormenta, atravessada
faz das letras o escudo
lindo pra quem lê
e não entende quase nada

Escolhe um lugar escondido
onde tudo pode ser dito
pra não falar nem de longe
aquilo que realmente quer

Troca as mãos por flores
e faz dos braços os espinhos
liquefazendo seus amores
na fúria de se descobrir mulher

E já que não pode ser hoje
e o amanhã não credita nenhuma certeza de existir
só me resta a explosão

Mas no final sempre falta alguma coisa

Sunday, February 05, 2006

Estou por perto...

Em casas que não sao e podem ser minhas
Pois o mundo meu pequeno-mundo: existe.
Em tudo que podeser e não é.
Na rua que dorme aos cães, me crio.
Sempre por perto do amigo.
Em dias assim é melhor ficar po perto...
Sempre atento ao resto de mim; que paira suave sobre o olhar vadio do amigo.
Um dialógo sem par...
E nada de ficar só.
Um pouco perto pode ser certo...dói.
Entras em mim assim? amigo?
Como ousas?
Mas és sempre mal-vindo, e recebido...entende?
Eu falo por mim...
Os outros escuto pouco...
Sempre na contramão do amigo...
Sou seu refúgio de portas fechadas.


Claudia Romano(um dia asim de Domingo, as 20:21h)

Para Nathali.