Wednesday, March 22, 2006

Conclusão




"Os impactos de amor não são poesia
(tentaram ser: aspiração noturna)
A memória infantil e o outono pobre
vazam no verso de nossa urna diurna

Que é poesia, o belo? Não é poesia,
e o que não é poesia não tem fala
Nem o mistério em si, nem velhos nomes
poesia são: coxa, fúria, cabala.

Então, desanimamos. Adeus tudo!
A mala pronta, o corpo desprendido
resta a alegria de estar só, e mudo.

De que se formam nossos poemas? Onde?
Que sonho envenenado lhes responde
Se o poeta é um ressentido, e o mais são nuvens?"

Drummond de Andrade

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