Saturday, September 17, 2005

Ver vermelho




Tinha visto o rubro a passear entre as pessoas
Ao mesmo tempo da repulsa, inquietava-lhe o desejo
Enamora-se da vida que a solidão lhe abraça
Na mesquinhez cândida do seu beijo
Aprendera a ser aquilo que passa
Por inocência caminha entre serpentes
Anseando mordidas, noite após noite
Por ser livre encantam-lhe as correntes
Quando desnuda o próprio colo a espera de um açoite...

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Um poemazinho pra você


Timidez


Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...

- mas só esse eu não farei.

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras distantes...

- palavras que não direi.

Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponhos vestidos noturnos,

- que amargamente inventei.

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão nevegando
nos ares certos do tempo
até não se sabe quando...

- e um dia me acabarei.

(Cecília Meireles)

September 19, 2005  

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